domingo, 17 de fevereiro de 2008

Direita, volver!

A premiação de Tropa de Elite como melhor filme do Festival de Berlim pode significar várias coisas.
A mais óbvia, o reconhecimento das qualidades cinematográficas do filme, coisa que eu nunca neguei.
Que o prêmio é bom pro cinema brasileiro como um todo, também. É importante para resgatar o prestígio do cinema brasileiro, que andava obscurecido em meio à superestimada produção oriental, que há anos vem amealhando prêmios nos grandes festivais internacionais, muitas vezes com filmes de qualidade duvidosa.
Agora, a premiação sinaliza que a orientação ideológica mais alinhada à esquerda ou ao menos liberal, que sempre moveu a sensibilidade artística sofreu um vigoroso revés à direita.
Me parece que agora, no caso de dúvidas diante do discurso ideológico de um filme, opta-se pela direita. Neste sentido é indicativo que o Prêmio Especial do Juri, que nos meios cinematograficos costuma-se chamar de "segundo lugar", tenha ido para o documentário "Standard Operating Procedure", de Errol Morris, crítico às torturas aplicadas por soldados americanos aos prisioneiros iraquianos no presídio Abu Ghraib .
Essa orientação para filmes conservadores ou explicitamente de direita, como o TE, numa disputa com filmes de discurso mais progressista sempre regeu, por exemplo, a premiação do Oscar. Parece que agora orienta também o julgamento de festivais mais politizados.
Feliz mesmo deve estar Goebbels, na sua quentinha toca no quinto dos infernos. Finalmente conseguiu o seu tão desejado "Encouraçado Potenkim" de direita.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como o filme é narrado pelo capitão nascimento, todo o discurso do filme é em apoio à prática eminentemente fascista da polícia (alguém ainda tem dúvida de que o BOPE é fascista?) . O filme acabou se tornando uma peça de propaganda do fascismo: até o governador Sérgio Cabral, que se elegeu com a promessa de que o caveirão não iria mais subir os morros (quem se lembra?), passou a elogiar cada assassinato feito a esmo pela polícia nas favelas do Alemão Coréia etc...

Ane Brasil disse...

´
E você tem razão, infelizmente. Ao que parece ideais humanistas não estão mais "em voga". EStá ficando out esse lance de defender igualdade, fraternidade... essas coisas muito sixties.
Tristes tempos.
Sorte e saúde pra todos.