quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Unidos venceremos (2)




O grande ator Danny Glover ( que, dizem, irá dirigir um filme no Brasil ) também apóia a greve da WGA.

sábado, 24 de novembro de 2007

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

entranhas cinematográficas ( e ideológicas ) de Tropa de Elite (final)


Acho que ninguém aguenta mais ouvir falar de Tropa de Elite, tampouco sinto vontade de insistir nesse assunto. Mas não poderia deixar de fechar a série de títulos referenciais para uma plena compreensão do filme do José Padilha sem falar daquele que, sem dúvida, é seu melhor espelho: Nascimento de uma Nação, de D.W. Griffith (1915).
Resguardadas a distância histórica e as diferenças técnicas e mesmo, estéticas de um filme e do outro, há uma clara semelhança na estrutura dramática de ambos os filmes. Nem tanto pela óbvia heroicização do abjeto ( uma tropa militar acima do bem e da constituição, que tortura e mata, em nome da "lei" no caso dos homens de preto de Padilha, e os Ku-Klus-Klans de Griffith ) mas principalmente pela construção do "vilão".

Em Nascimento de uma nação, Griffith, dentro de sua lógica sulista, portanto, com o olhar ressentido do derrotado, deforma a realidade e a história transformando em vilões os abolicionistas e em feras desumanas os ex-escravos libertos. Dentro de seu original e particular ponto de vista, as vítimas são os fazendeiros escravocratas brancos sulistas, derrotado por uma tropa de mestiços nortistas, que se vêem constantemente ameaçados e humilhados pelos cada vez mais arrogantes negros libertos. Há tres vilões no filme: o branco nortista e abolicionista Stoneman, seu braço direito Lynch, mulato ambicioso e, finalmente, a população negra desaforada e animalesca, que se vira contra seus antigos senhores com petulância e brutalidade.


Lógica muito semelhante à elaborada por Padilha no Tropa de Elite: o vilão do filme é a classe média que, segundo o filme, alimenta e sustenta o tráfico, a classe média que defende os direitos humanos dos bandidos e impede a ação erradicadora dos "homens de preto", em suma, a porção dita liberal da classe média, que seria a principal responsável pela força do narcotráfico em nosso país.
Sem muito esforço comparativo, em Tropa de Elite o papel de Stoneman ( o branco que por conta de seus ideais liberais trai a sua raça e favorece tibia e irresponsavelmente a ascensão dos ex-escravos brutos e rancorosos ) seria representado pela classe média liberal, pelos jovens de classe média que consomem drogas, pelas ONGs que mantém relações dúbias com o tráfico; Lynch, o mulato ambicioso que se aproveita do "liberalismo" do patrão branco para ampliar seu poder seria o Baiano, o traficante que cheira pó com os branquinhos de classe média da ONG mas que não reluta em fritá-los no "microondas" quando contrariado ( da mesma forma que Lynch sequestra e tenta possuir sexualmente a filha de Stoneman, seu protetor ); finalmente, a massa de ex-escravos brutais e animalescos seriam os anônimos soldados do tráfico, os favelados que "ameaçam" cada vez mais os moradores do asfalto, a classe média branca e indefesa.
Tanto Birth of a Nation quanto Tropa de Elite deixam claro quem são os heróis na medida em que estabelecem exemplarmente quem são os seus vilões. Os dois filmes demonstram didaticamente as condições que favorecem o surgimento ( e a necessidade ) de tropas paramilitares, com poderes ilimitados, como única forma de defesa da sociedade civil. E se os heróis cometem "excessos" ( a foto que ilustra esta postagem mostra o linchamento de um negro pelos KKK, num momento de violência muito semelhante às cenas de tortura cometidas pelos "caveiras" de Padilha ), a narrativa de ambos filmes justifica e/ou racionaliza o que poderia ser um deslize na conduta dos heróis: trata-se de uma guerra e o inimigo é muito pior, muito mais desumano e, principalmente, mais forte e mais numeroso. Os KKK lincham o negro que tentara estuprar uma inocente e adorável donzela branca, provocando o seu suicídio ( ela prefere se matar a ser possuída por um negro). Os "caveiras" brutalizam uma jovem moradora do morro ( não tão inocente assim, uma vez que era namorada do traficante Baiano ) e quase empalam um marginal com o cabo de uma vassoura, na cena mais brutal de Tropa de Elite, movidos pelo desejo de vingar seu companheiro covardemente assassinado pelos traficantes, com um tiro pelas costas.

Muito criticado, desde à epoca de seu lançamento ( considerado ao lado de O Judeu Süss, realizado na Alemanha Nazista, como um dos filmes mais racistas já realizados ), Birth of a Nation talvez pudesse ser defendido hoje em dia pelo mesmo argumento usado pelos defensores de TE: Griffith estaria apenas retratando o ponto de vista de um racista e, dentro de sua psicopatia, um racista enxergue realmente os negros como vilões e os antigos escravocratas como vítimas indefesas, que são defendidos pelos paladinos encapuzados da Ku-Klus-Klan. Da mesma forma que Padilha "apenas" retrata o ponto de vista de um policial linha dura, sem entretanto compartilhar ou defender este mesmo ponto de vista.
Comparando os filmes, e a reação das platéias de um e de outro, por que isentar Padilha e taxar Griffith de reacionário, ou, por outro lado, por que não "relativizar" o discurso de Nascimento de uma Nação, fingindo que não é racista e facistóide, argumentando que Griffith "apenas" filmou o ponto de vista dos escravocratas sulistas derrotados pela União, sem compartilhar de seus ideais ou tampouco ser um entusiasta dos KKK?

Difícil, não acham? Diria quase impossível.

Em tempo: ao final de Nascimento de uma nação, Stonema cai em si do perigo personificado pelos negros que até então defendia e se alia aos escravocratas, colocando-se sob a tutela dos paladinos encapuzados. Lynch é morto e os negros "petulantes" reconduzidos ( sob a mira das armas dos KKK ) no seu devido e submisso lugar. De certa forma, é essa a mensagem final que Tropa de Elite passa ao seu público: assim como Stoneman, cabe à parcela mais esclarecida da classe média renunciar ao seu liberalismo, parar de proteger os traficantes ( o que é a defesa dos direitos civis e humanos senão "fazer vista grossa" para a bandidagem? ), e deixar que os "caveiras" reestabeleçam a ordem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Betty a feia também apóia a greve dos roteiristas americanos


A atriz America Ferrera, intérprete de "Betty a feia", em manifestação de apoio à greve dos roteiristas de Hollywood.

A propósito, o seriado Ugly Betty é muito divertido.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

a praga chamada "politicamente correto" (1)

Não existe nada mais chato que a chamada postura "politicamente correta". Sinceramente, penso que isso é uma manifestação conservadora usada para perpetuar as chamadas "minorias" e demais segmentos explorados historica e cotidianamente numa posição de inferioridade porém, com a consciência tranquila. Crioulo passa a ser "afro-descendente", viado vira "homoerótico, homoaderente", e por aí vai. A terminologia dita agressiva, racista ou machista deve ser abolida e trocada por termos civilizados. O que é uma questão política vira uma questão semântica, ou de etiqueta.

Estranhamente, os defensores desse tipo de pensamento "polido" geralmente são os que mais protestam contra o sistema de cotas para a população negra ascender às universidades, aos empregos públicos, o que de fato criaria condições para uma equiparação econômica, cultural e social com a população branca. Para eles isso é populismo, da mesma forma que bolsa família e projetos sociais vizando reduzir a miséria ( isso então é chamado de esmola ou pior, compra de votos ). Os mais radicais chamam essa política afirmativa de verdadeiro racismo, porque essas medidas compensatórias no fundo seriam atitudes preconceituosas às avessas, descriminando a população branca.

Vejam só a que ponto chegamos: chamar um negro de crioulo é racismo, vetar-lhe o acesso às faculdades, garantir-lhe chances de ascensão profissional, ser contra a criação de cotas nos concursos públicos para uma população históricamente submetida à pobreza, isso não é racismo.

No tocante aos gays, é politicamente correto chamá-los de "homoadeptos", ou qualquer termo nesse gênero, semanticamente polido. Bem provavelmente os adeptos desta espécie de Socila (antiga escola de etiqueta, formadora de dondocas e misses ) vernáculo-liberal devem achar muito divertidas as passeatas gays, etc. Afinal de contas, os gays são tão alegres ( o trocadilho é intencional ). Agora a boa maioria dos adepto da correção política com certeza torce nariz para a extensão dos direitos dos casais heterosexuais aos casais gays ( planos de saúde, herança, adoção de filhos, etc ), pelo ingresso de gays nas forças militares, etc.

A postura "politicamente correta" acaba gerando monstruosidades, algumas tão ridículas que chegam a ser risíveis...

Olha a pérola que li na internet...


Risada de Papai Noel é proibida em Sydney

Os papais-noéis da maior cidade australiana foram orientados a não usar mais o tradicional "ho, ho, ho" devido a risada ser considerada ofensiva contra as mulheres. As autoridades instruíram os profissionais de Sydney a utilizar o "ha, ha, ha".

Um Papai Noel contou que foi aconselhado por uma empresa de recrutamentos a não usar a expressão porque poderia assustar as crianças e também por causa da gíria "ho", prostituta no inglês americano.

Julie Gale, que coordena uma campanha contra o contato precoce de menores com a sexualidade, chamada de Kids Free 2B Kids (crianças livres para serem crianças), é contra a orientação. "Estamos falando de quem ainda não entende 'ho, ho, ho' com outra conotação e nem precisariam", afirma ela. "Deixem Papai Noel em paz", pediu.

Um representante da empresa afirma que é um equívoco dizer que a companhia baniu a risada tradicional do personagem e que a decisão foi deixada a cargo de cada Papai Noel.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

entranhas cinematográficas ( e ideológicas ) de Tropa de Elite (4)


Starship Troopers, de Paul Verhoven


Fantasia gay SA ( não confundir com Sociedade Anônima, e sim referente às SA, ou Sturmabteilung, grupo paramilitar comandado por Ernst Rhöm, que tinha como característica uma real afinidade ao conceito de "socialismo" nacional, dentro da concepção nacional-socialista que fundamentava o partido nazista e uma concepção homoerótica da virilidade, advinda dos gregos... em suma, era a facção esquerdista e gay do partido nazista, que foi devidamente "expurgada" na famosa "noite dos longos punhais", na qual foram quase todos mortos pelos membros das SS ) dirigida pelo até então esperto diretor holandês radicado em Hollywood.
O filme é uma caricatura, o que foi confundido pelos admiradores de Verhoven como um esculacho ao culto do herói, tão caro ao cinema ianque ( pelo menos o cinema ianque dos grandes estúdios, das famosas "majors" ).
Mas no geral, parece fascinado pelo fetiche das fardas, por uma visão de uma sociedade militarizada onde os civis são cidadãos de 2a classe, pelo culto à violência, reproduzida com um sentido quase sexual ( o ato de matar e morrer comparado a um orgasmo ), em suma, uma idealização do soldado como macho superior num mundo exclusivamente masculino, no qual as mulheres são seres inferiores ( só admitidas quando "masculinizadas" ) e onde sentimentos nobres como a lealdade, a fraternidade e o amor ( e claro, o sexo ) só podem ser aceitos entre os iguais. Entendendo igualdade aí restrita à elite da sociedade, ou seja, aos homens. A velha tese boiola que, dizem as más línguas, fazia a cabeça dos gregos ( ..."ou seria dos persas", como diria o personagem gay interpretado por Carlão Kroeber, no delicioso "Guerra Conjugal", filme de Joaquim Pedro de Andrade, sobre o qual um dia falaremos ).
A citação do filme do Verhoven ( que realizou grandes filmes como Turkish delight, Soldado Laranja, Conquista Sangrenta, Robocop, antes de entrar em decadência bem remunerada com Atração Fatal e Showgirls e finalmente, este Starship Troopers ) é pura provocação: não há exatamente pontos de referência entre Tropa de elite e essa tropa estrelar, além do fato do culto ao poder "regulador" das tropas de elite militar na vida social e do uso da tortura como forma eficaz de se vencer uma guerra. Lembremos o filme do Verhoven: ao final, o oficial da Gestapo futurista preconizada no filme tortura o inseto-cerebro ( e ânus ) para obter as informações necessárias para derrotar o exercito de baratas e grilos gigantescos que ameaça a Humanidade. E é através da tortura que a Humanidade triunfa. Ou seja, é um líbelo em defesa da tortura como forma legítima de se combater o "mal" e fazer o "bem" triunfar.
Pensando bem, há muitos pontos de convergência.
De certa forma, a caricatura até bem humorada de Verhoven foi levada a sério pelo Padilha, que faz dos seus "caveiras" um poder regulador dentro de uma "cidade partida", uma espécie de cruzados impolutos e incorruptíveis, e cujo uso da tortura como forma de defesa do bem contra o mal.

Note-se que, da mesma forma que em Full Metal Jacket, em Starship Troopers há o processo cruel de "educação" militar, que transforma homens supostamente civilizados em armas letais. Tudo em nome da defesa da "civilização" contra a "barbárie".

Mas o que em Starship troopers é caricato, debochado e, mesmo, paródico, em Tropa de elite é tratado como um ritual de purificação e depuração dos fracos e indesejáveis ( se bem que, como na cena da "aula de estratégia", com belas tiradas de humor ).

A ação de Tropa de Elite se passa em 1997, um passado recente. Já a de Starship Troppers ocorre num futuro distante.

Um filme mostra o passado recente para "justificar" a violência dos dias presentes. O outro mostra um futuro para "alertar" dos perigos que a ameaçam a humanidade que se deixa desarmar.

Cara e coroa de uma mesma moeda - diante de uma ameaça à civilização, é necessário recorrer às forças acima das leis, da moral, da ética, pois somente estas conseguirão derrotar o mal. Nas entrelinhas, a carta branca que a sociedade ( geralmente, os membros mais aquinhoados das sociedades, a elite ) dá aos fascistas para impôr a ordem e garantir sua sobrevivência.

Recomendo verem Starship Troopers e compararem com Tropa de Elite. Verão que as coincidências são muitas. O problema é que no filme do Verhoven dá pra rir... enquanto que Tropa de Elite provoca uma inevitável sensação de medo.

sábado, 10 de novembro de 2007

Adeus, Norman Mailer


Li na internet a notícia do falecimento de Norman Mailer, hoje, aos 84 anos.
Grande escritor e intelectual norte-americano, autor de livros fantásticos como "Os nus e os mortos", "Os degraus do Pentágono", "A canção do carrasco", entre mais de 40 romances ( entre esses, "A luta", um romance reportagem sobre a disputa entre Muhammad Ali e George Foreman, considerada a mais espetacular luta de boxe de todos os tempos, um romance erótico passado no Egito à época dos faraós, "Noites antigas", em nada semelhante a essa profusão de romances pseudo-históricos que proliferam hoje em dia, e de um "Evangelho segundo o filho" , narrado pelo próprio Jesus - o Saramago teve idéia semelhante, escrevendo O Evangelho segundo Jesus Cristo, mas com estilo totalmente diferente).
Polêmico, brigão, combativo, vaidoso, veterano da 2a guerra mundial, beberrão, mulherengo, meio fanfarrão, um autor ianque da estirpe de Ernest Hemingway, se bem que, literariamente falando, seu jeito de escrever diferisse diametralmente do estilo classudo e seco "hemingwayniano".
Já citado aqui neste blog, com um texto em que fala sobre a escritura de roteiros. Mailer entendia do riscado, alguns romances seus foram filmados, ele atuou em Ragtime de Milos Forman, colaborou no roteiro de Era Uma Vez na América, de Sergio Leone e dirigiu alguns filmes, inclusive o longa, Machões não dançam, adaptação de uma boa novela policial de sua autoria.
Crítico ferrenho da politica imperialista e militarista norte-americana, vai deixar uma lacuna na inteligência americana.
Enquanto isso, Bush engasga no pretzel, atola no Iraque, mas continua firme e forte.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Unidos venceremos




A atriz Julia Lois-Dreyfus, a Elaine do saudoso seriado Seinfeld, manifestando seu apoio à greve dos roteiristas de Hollywood.

domingo, 4 de novembro de 2007

ou esta...


Grateful Dead, mítica banda de rock.

Caveira por caveira, prefiro essas...




Caveiras de açucar do Dia dos Mortos, México.

Caveiras de Cristo


"Os novos cruzados" em pleno culto.
Assim como o capitão Nascimento do filme, os caveiras sofrem de remorsos. Mas ao mesmo tempo crêem que estão no meio da luta do Bem contra o Mal, e que o Bem, com ajuda de Deus e da tortura, irá finalmente triunfar.