terça-feira, 26 de junho de 2007




Através dos olhos de Clarisse, redescobrindo Eric Rohmer... Não foi uma redescoberta, e sim, uma rendição.


Confesso que sentia uma forte resistência aos filmes do Rohmer ( como, aliás, sinto pelo cinema francês em geral, a excessão de Godard, Renoir, Bresson, Malle, Bertrand Blier e, vá lá, Truffault... ). Tinha visto alguma coisa dele, antes, mas não havia me sensibilizado o suficiente. Lembro-me que vi La Collectionneuse ( A Colecionadora ) na faculdade, e que tinha gostado. Aquela sutil sensualidade, a narrativa aparentemente despojada, a trama quase inexistente, por muito simples, os diálogos filosóficos... aquilo chamou minha atenção.


Depois fui perdendo o saco, aquilo tudo me parecia francês demais, eu tinha 20 e poucos anos e outros cinemas na minha cabeça...


Agora que os filmes estão sendo relançados em dvd, e muito por insistência da Clarisse, me obriguei a assistí-los. Engraçado como esse reencontro tem ares de descoberta. Talvez como os vinhos, nosso olhar se aperfeiçoe e se depure, e o que era cansativo e, mesmo, desinteressante para um rapaz de 20 anos surja renovado e inédito para um homem de 45.


Como Rohmer não parou de filmar ao longo desses vinte e tantos anos, há muita coisa para rever e descobrir.


Hoje percebo que Rohmer faz um tipo de cinema que particularmente me agrada - e que de certa forma, reproduzo. Filmes onde a palavra é a ação. E como ele faz um cinema extremamente sensual, as palavras parecem roçar na gente, nos acariciam, estranho erotismo que mistura corpos nús e reflexões filosóficas. Gostaria de fazer um filme onde os diálogos soassem como preliminares de um coito.


Dever de casa: me disciplinar e ver/rever os filmes do Eric Rohmer. Estudá-los como um voyeur que espia o casal do lado se amando, descuidados que a janela está aberta.

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