quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

coisas que eu gosto ( de ouvir) 6:



The Birds, vários.

Tenho que confessar que nunca fui muito fã dos Beatles. Sempre achei meio bonitinho demais, gracinha demais, legalzinho demais. Claro que eles tem coisas boas, o disco Revolver e o Álbum Branco são muito bons. Mas ainda que sempre rolem bem no toca-discos (ops! ) ou nas festinhas, não é exatamente o que curto em música (pop? nunca soube se os beatles eram uma banda de rock´n´roll ). No mais, prefiro os discos solos dos ex-integrantes dos Beatles, particularmente do trabalho do George Harrinson.

Pra mim, a melhor banda dos anos 60 sempre foi e será The Byrds. Curiosamente, é uma banda que no começo procurava emular "à moda americana" o som dos ditos FabFour. Mas isso não é uma particularidade apenas dos Byrds, a maior parte das bandas surgidas na primeira metade dos anos 60 tentavam pegar carona no sucesso e no estilo melódico dos Beatles - a exceção ou a contrafação seria os Rolling Stones, que não estavam nem aí pra música de seus compatriotas. Mas havia um diferencial nos Byrds. Musicalmente, havia Roger McGuinn, um dos maiores guitarristas americanos com seus "riffs" ao mesmo tempo estridentes e melódicos, muito melhores que os solinhos do George Harrison e muito mais presentes nas canções, ao contrário do pobre Harrison, que era literalmente "abafado" pela dupla Lennon&McCartney.

E depois, havia Dylan.

Durante muito tempo os Byrds foram a melhor tradução de Dylan, de quem gravaram inúmeras canções, em versões musicalmente mais sofisticadas ( à época, Dylan ainda estava naquela fase joãogilbertiana de banquinho e violão e gaitinha ). Em boa parte, a popularidade inicial de Dylan se deve em muito às versões que os Byrds gravaram de suas músicas.

Os Byrds transitaram para o rock mais lisérgico, mais psicodélico e mais sofisticado muito antes do lançamento do Sargent Pepper´s. Fifth Dimension, Eight Miles High, entre outras, aconteceram antes de Lucy in the Sky with diamonds - e musicalmente, são muito mais elaboradas.

Muitos músicos passaram pelos Byrds, ao longo de suas várias formações ( sempre com McGuinn no comando ), o que contribuiu para que os Byrds soassem um pouco diferentes, a cada disco, sem perder sua identidade musical. E como havia um revezamento entre os vocalistas, maior do que o "par-ou-impar" entre Lennon e McCartney, havia uma maior diversidade musical, por conta dos timbres tão diferentes como os de David Crosby, Gene Clark, Chris Hillman e do próprio Roger McGuinn.

No clip abaixo, os Byrds na sua formação clássica canta uma de suas mais belas canções, "Going Back"

Outra coisa que me faz gostar muito dos Byrds. A participação da banda na trilha sonora de Easy Rider, de Dennis Hopper. Posso estar forçando a barra mas, bem, é minha opinão, penso que uma boa parte do impacto de Sem Destino reside na força poética e melódica das canções do Byrds que pontuam a narrativa do filme, como por exemplo a melancólica The Ballad of Easy Rider e a rascante It´s alright, Ma ( I´m only bleeding ) - esta de Dylan.

Das muitas versões que os Byrds fizeram para Dylan gosto especialmente de, além da já citada It´s Alright, Ma, Heels on Fire, My Back pages, You ain´t going nowhere, Chimes of Freedom, Lady Down Your Weary Tune, All I really want to do e Positively 4th street mas não me agrada a versão de Lay Lady Lay tampouco a de Mr. Tambourine Man ( que aliás, foi regravada pelo Zé Ramalho e os The Fevers, sim, eles mesmo, a maior "banda cover de todo mundo" do Brasil, com imitação perfeita dos riffs de guitarra de McGuinn ).

Para quem desconhece o som desta banda, recomendo as coletâneas The Byrds greatest hits, The very best of the Byrds ou 20 Essential tracks ( sendo que este o que acompanha a trajetória inteira da banda ) e, é claro, The byrds play Dylan, coletânea das principais canções de Dylan gravadas pelos "pássaros".

Então, o que estão esperando? Um bom presente pra se dar, nessa época de gastança natalina. As Lojas Americanas costumam vender baratinho. Vocês vão gostar, tenho certeza. E nunca mais vão conseguir ouvir o "quarteto de Liverpool" com a mesma condescendência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Condescendência com os Beatles?! Pô Paulo. rsrs Estou longe de ser um beatlemaníaco mas Beatles vai além do "bonitinho demais" a que você se refere. Revolver é rock and roll, Sgt Peppers é uma psicodelia cheia de assinatura, se é que você me entende. Isso sem falar no Álbum Branco e nas pérolas pops que reverberaram por décadas.
Mas confesso que me irrita um pouco o excesso de reverência ao boys de Liverpool.
Byrds é muito bacana sim. Para falar a verdade conheço pouco mais do que uma coletânea mas é o suficiente para saber que a coisa é muito boa.
Ah sobre esse lance de que muitas bandas da época acabavam emulando os britânicos que fumuram maconha com o Dylan vale dizer em contraponto que os Beatles quando quizeram fazer um disco revolucionário (Sgt Peppers)de certa forma estavam se espelhando numa banda americana,os Beach Boys.
Por falar em anos 60, conhece Cold Blood? Estou com um disco deles sensacional.
abs