domingo, 30 de dezembro de 2007

Quem são nossos ídolos? - a lista (1)

Procurei elencar um grupo de roteiristas bem diverso, tanto na origem quanto no estilo, procurando ser o mais abrangente possível. Por outro lado, procurei listar trabalhos que possam ser facilmente consultados, podendo ser encontrados em qualquer locadora decente. Deixo claro que a ordem de apresentação dos roteiristas não obedece nenhuma hierarquia, nem escala de valores, tampouco são listados por ordem cronológica. Na verdade, seguem a forma aleatória pela qual os nomes foram surgindo à minha memória.

E pensando em grandes roteiristas, o primeiro nome que me veio à mente foi Jean-Claude Carrière.

Quase sempre associado ao grande Luis Buñuel, com quem escreveu todos os filmes da fase francesa ( O Discreto Charme da Burguesia, Esse obscuro objeto do desejo, A bela da tarde, Fantasma da Liberdade, entre outros ), Carrière é também dramaturgo, escritor, teórico do roteiro ( seu livro A linguagem secreta do cinema é uma obra indispensável para quem quer entender os processos narrativos de um filme ) e também diretor. É um roteirista bastante requisitado, tendo escrito para alguns dos maiores cineastas em atividade na atualidade.

Entre seus principais trabalhos, destaco O Tambor e Um Amor de Swann, ambos de Volker Schlöndorf, Salve-se quem puder - a vida, de Gordard ( sim, ele mesmo, até o mais autoral dos cineastas autorais se vale da ajuda de um roteirista profissional ), Danton, de Andrej Wadja, A insustentável leveza do ser, de Philip Kaufman, Cyrano de Bergerac, de Jean-Paul Rappeneau, Valmont e Os fantasmas de Goya, de Milos Forman, O Mahabharata, de Peter Brook.


O segundo nome que me veio à mente foi o italiano Tonino Guerra. Parceiro mais do que constante de Antonionni, com quem escreveu filmes como A noite, A Aventura, O Eclipse, Deserto Vermelho, Blow-Up, Zabrisky Point, entre outros, Guerra também trabalhou com Fellini, sendo roteirista de Amacord, La Nave Va, Ginger e Fred e A Entrevista. É roteirista frequente dos Irmãos Tavianni, com os quais fez A Noite de São Lourenço, Good Morning Babilônia, Noites sem sol, Kaos. Para Francesco Rosi, escreveu Crônica de uma morte anunciada, baseado em Garcia Marques e A trégua, baseado no relato de Primo Levi. Trabalhou ainda com o grego Theo Angeopoulos ( Paisagem na Neblina )e com o russo Tarkovsky ( Nostalgia ). Tonino Guerra é também escritor e poeta ( o que talvez explique sua parceria com diversos cineastas poetas ).


O terceiro nome que me lembrei foi Charles Brackett. Na verdade, o nome que me veio à mente foi de Billy Wilder. O grande diretor também era roteirista, e entendia como poucos do riscado. Wilder sempre trabalhou com grandes parceiros. Brackett foi um deles.


Aliás, Brackett já era parceiro de Wilder, antes dele virar diretor. Juntos escreveram grandes sucessos como Ninotchka, de Ernst Lubitsch e Bola de Fogo, de Howard Hawks, trabalhos que pavimentaram a carreira de Wilder como diretor.

Para e com Wilder, Brackett escreveu clássicos como Cinco covas do Cairo, Farrapo Humano e, claro, Crepúsculo dos Deuses.

Bracket é roteirista também do clássico "waltdisneyano" Viagem ao Centro da Terra e de Paixões em Fúria, de Henry Hattaway.



Outro grande parceiro de Wilder foi I.A.L. Diamond, com quem manteve uma produtiva parceria por mais de 20 anos.

Diamond escreveu algumas das melhores comédias de Wilder como Quanto Mais quente Melhor, Se meu apartamento falasse ( com o qual ganhou o Oscar de melhor roteiro), A primeira página, Irma la Douce - todas estreladas por Jack Lemmon -, A vida íntima de Sherlock Holmes e também o subestimado e pouco conhecido Fédora, um dos últimos filmes de Wilder ( e talvez um de seus poucos fracassos ).



Falando em Wilder e no divertido A primeira página, o nome que imediatamente vem à tona é de Ben Hetch, que vem ser o autor da peça que inspirou o filme. Na verdade, a comédia de Wilder é a terceira ou quarta versão da peça de Hetch, que antes foi filmado por Howard Hawks como Núpcias de Escândalo ( com uma diferença fundamental - na peça e no filme de Wilder, os protagonistas são dois homens, enquanto a versão de Hawks transforma um dos protagonistas em mulher e o filme em comédia romântica ).


Hetch escreveu vários filmes de Hawks, sendo o que mais se destaca é Scarface, a vergonha de uma nação.

Hetch também escreveu para Hitchcock, sendo roteirista de Correspondente Estrangeiro, Notorious, Quando Fala o coração e Festim Diabólico.

É roteirista também de Gilda , de Charles Vidor, O Morro dos ventos uivantes ( de Willian Wyller, tendo como parceiro John Huston ) e Adeus às armas, de King Vidor.


(continua... )

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