segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

E agora? (2)









E agora, Chavez?




Criaram tanto alarde em torno da emenda constitucional que permitiria a reeleição consecutiva do presidente Chavez e esqueceram dos outros 68 pontos previstos para serem alterados na Constituição Venezuelana, muito mais importantes e fundamentais para a melhoria da vida da maioria da população daquele país.


Na verdade, e em boa parte por culpa do estilo espalhafatoso e algo histriônico do Chavez, usaram a questão da reeleição para brecar as mudanças constitucionais realmente necessárias para o processo de democratização radical que a Venezuela está vivendo.

A direita, os grandes grupos de comunicação, a classe média covarde, a CIA, com certeza o Bush devem estar exultantes. É a primeira grande derrota da esquerda latina depois de um período de sucessivos e importantes avanços ( eleição e reeleição do Lula, eleição do Kirschner e da sua sucessora e esposa Cristina Kirschner, eleição do Evo Morales na Bolívia, eleição do Rafael Correa no Equador, do Tabaré Vasquez no Uruguai e mesmo a primeira reeleição do Chavez ).

Se a derrota no plesbicito significa uma guinada conservadora na tendência pró-esquerda na América Latina ou se é apenas um retrocesso momentâneo, localizado ou tão somente um alerta para conter o açodamento do Chavez ( que às vezes parece mais um personagem do BBB em sua ansia por aparecer do que um verdadeiro estadista ), ainda é cedo para dizer.

Mas que doeu, doeu...

3 comentários:

Anônimo disse...

Paulo, você não acha que as alterações na constituição da Venezuela propostas por Chavez representavam um retrocesso na democracia? Não só a tal reeleição mas varios outros pontos me pareciam isso.
A figura de Chavez me parece uma volta ao passado da America Latina e suas ditaduras.

Paulo Halm disse...

Não acho, não, Henrique, até porque os pontos mais importantes ao meu ver na reforma da Constituição Venezuelana apontavam para questões maiores e mais importantes do que a possibilidade do Chavez se reeleger indefinidamente. Propostas realmente importantes como a redução da jornada de trabalho para 36 hs, a ilegalidade dos latifúndios improdutivos, a conceituação e legitimação de propriedades comunais e coletivas, com os mesmos direitos da propriedade privada, tudo isso acabou sendo vetado e para mim, era este o cerne das mudanças.
E a despeito do que a grande imprensa fala do Chavez, e também de sua postura digamos, histriônica demais, não há motivos para acusá-lo de ditador ou anti-democrático. Tanto que ele respeitou o resultado do Plebiscito, aliás, tanto que ele propôs as mudanças via plebiscitária, dentro dos cânones da democracia.
Abçs
PS. não esqueça de apresentar seu roteiro no laboratório da Darcy, hein?

Anônimo disse...

Entendo. Mas será que a culpa desse veto não tem a ver com pontos como:

"Chávez propõe o fim da autonomia do Banco Central e a retirada do poder de decisão do BC em controlar as reservas internacionais do país.
Caberá ao presidente administrar as reservas. Chávez propõe também limitar as reservas para utilizar o excedente em projetos produtivos nacionais e internacionais."



"...Também está previsto que, em situações específicas, o Exército poderá assumir o caráter de polícia e investigação."

Entre outros.

Chavez e o que vc chama de postura histriônica junto com sua tendência (pelo menos aparente) ao autoritarismo podem ter ofuscado os pontos positivos da questão.

Enfim, mas também não tenho certeza do que estou dizendo. 'WE só uma reflexão sobre o assunto.

Aliás, por falar em autoritarismo; viu a Vida dos Outros? Achei ótimo.

Estou por fora desse Laboratorio da Darcy.