Paulo Halm

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Outro dia, dando aula, causei uma certa perplexidade aos meus alunos ao confessar que era ( e ainda sou ) de esquerda.
Terei envelhecido tanto, que ser de esquerda me transformou numa espécie de Lenin embalsamado em exposição permanente, tipo sardinha de balcão de boteco infecto?
Ou será que os mais jovens é que perderam a capacidade de sonhar por um mundo mais justo e mais igualitário e achem esses ideais coisas antiquadas e demodês como os quadrinhos da Tininha, Bolota e Brotoeja?
Alguém se lembra disso?

4 comentários:

Penelope disse...: Tenho 35 e também sou de esquerda. Será que isso quer dizer que eu tô velha ou sou só anacrônica?;); 28 de junho de 2007 às 22:13
Paulo Halm disse...: Se depender dos meus alunos, está velha e anacrônica. Mas tudo bem, está em boa companhia :P; 30 de junho de 2007 às 01:06
Anônimo disse...: Acho que a questão é saber o que é ser de esquerda, já que hoje as fronteiras estão quase apagadas.; 1 de julho de 2007 às 21:18
Unknown disse...: A situação está tão bizarra, que até os "franciscanos" (como alguém aí gostava de me chamar) são considerados radicais... por quem se diz de esquerda!; 3 de julho de 2007 às 23:55

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Filiação

Descobri recentemente que sou filho de Xangô. Sempre supus que era filho de Oxóssi, apesar de não me enquadrar muito nas características dos filhos daquele orixá, mais propensos à ação física, energia, gostar de matas, aventuras, coisas assim... Os filhos de Xangô são caracterizados pelo seu elevado senso de justiça, pela honestidade, pelo conhecimento, pelo orgulho que não muitas vezes se revela em soberba. Sábios porém vaidosos, gostam de dar a última palavra, detestam ser contestados e, via de regra, se acham donos da verdade. São teimosos e, muitas vezes, agem de forma autoritária. É, há alguma coisa em comum neste DNA metafísico. Reconhecida a paternidade espiritual, só me resta pedir à benção.

Por falar do México...

foi lá que travei amizade com Juan Tebar, roteirista e script doctor madrileño que, como eu, estava no México para participar de um work-shop com "guionistas" locais. Juan é uma figura extraordinária, dono de um mau humor espanhol divertidissímo. Adorava bater papo com ele, apesar dele não conseguir entender "carajo nada que hablava" (sic), no meu portunhol canhestro. Hoje trocamos esporádicos e-mails divertidos e fraternos. Na foto, da esquerda pra direita, Almudena, esposa de Juan, eu, e o meu amigo do outro lado do Atlantico. O lugar, um recanto maravilhoso do méxico, chamado Choximilco, que é uma espécie de "Veneza" asteca. Um jardim formado por centenas de canais artificiais, contruídos pelos astecas, antes da invasão espanhola. Se um dia forem ao México, não deixem de passear neste belo lugar.

Turismo ideológico

Morram de inveja, meninos do P-Sol e do PSTU. Eu junto ao túmulo de Leon Trotsky, na sua casa, hoje transformada em museu, em Coyoacan, Cidade do México. A algumas quadras dali, fica a casa - e hoje também museu - de Frida Khalo. Como todos sabem, Trotsky morreu assassinado a golpes de picareta em sua casa, pelo agente da NHKZ stalinista, Ramon Mercader. Antes, os adversários de Trotsky haviam tentado diversos atentados contra a casa, que é marcada por buracos de balas e mesmo, de granadas. Até o grande pintor Diego Rivera participou de um desses atentados ( não sei se cumprindo determinação do PC Mexicano ou se por ciúmes mesmo, afinal, sua esposa, a pintora Frida Khalo costumava frequentar a casa - e a cama - do velho Trostky. Os mexicanos levam a sério - e a sangue - essa coisa de chifres ). Joseph Losey fez um filme, "O assassinato de Trotsky", com Richard Burton no papel do velho revolucionário e Alan Delon como Mercader. O filme é ruim de doer, mas cheio de boas intenções. O lugar é muito agradável e possui uma sala multimídia espetacular, com muito material sobre a história da esquerda, ao longo do século XX. Pouco frequentado, afinal, nos dias de hoje quem vai perder tempo visitando a casa de um dos maiores lideres comunistas de todos os tempos? A vantagem é que não há aquele bando de japoneses com suas insuportáveis câmeras fotográficas...

"Brimos"

essa foto foi feita há alguns anos, em Sevilha. Estavamos batendo pernas pela cidade e encontramos esse restaurante indiano. O dono do restaurante, o simpático moço à direita, veio me recepcionar em festa, falando em indi, lingua da qual não entendo patavinas. Qual a decepção do amigo ao saber que eu não era um compatriota e sim, brasileiro. Mas a verdade é que somos parecidos, não? Ano passado voltei à Sevilha, mas o restaurante não existia mais. Fora derrubado pelas obras do metrô local. Onde andará meu "brimo"?