segunda-feira, 2 de julho de 2007

Momento poético em tempos de dureza (2)

Meu Deus eu ando
Com sapato furado
Tenho a mania
De andar engravatado
A minha cama é um pedaço de esteira
E uma lata velha, que me serve de cadeira

Minha camisa
Foi encontrada na praia
A gravata foi achada
Na ilha da Sapucaia
Meu terno branco
Parece casca de alho
Foi a deixa de um cadáver
Num acidente de trabalho

E o meu chapéu
Foi de um pobre surdo e mudo
As botinas foi de um velho
Da revolta de Canudos
Quando eu saio a passeio
As almas ficam falando
Trabalhei tanto na vida
Pro malandro estar gozando

A refeição
É que é interessante
Na tendinha do Tinoco
No pedir eu sou constante
Seu português
Meu amigo sem orgulho
Me sacode um caldo grosso
Carregado no entulho

Cabide de molambo - João da Bahiana ( 1887-1974 )

2 comentários:

Anônimo disse...

Contribuição para os seus momentos poéticos em tempos de dureza.

MEU SAPATO JÁ FUROU
(Elton Medeiros / Mauro Duarte)

Meu sapato já furou
Minha roupa já rasgou
E eu não tenho onde morar
Meu dinheiro acabou
Eu não sei pra onde vou
Como é que eu vou ficar?
Eu não sei nem mais sorrir
Meu amor me abandonou
Sem motivo e sem razão
E pra melhorar minha situação
Eu fiz promessa pra São Luís Durão

Quem me vê assim pode até pensar
Que eu cheguei ao fim
Mas quando a minha vida melhorar
Eu vou zombar de quem sorriu de mim

Meu sapato já furou...

Anônimo disse...

aulas pelo blog??? hummmm...quanta tecnologia...já li os posts, quero assinar a lista..hehehehe!! =))